7.19.2008

A Elaboração dos acasos

Amizade, enamoramento
A Elaboração dos acasos
Nuno Artur Silva e Luís Miguel Viterbo

[Este livro, de que se tiraram 500 exemplares, foi publicado pela ed. & etc em 1989]


Escrever, falar sobre o amor, a paixão, o enamoramento ou a amizade, as suas formas e os seus significados, é escrever sobre escrita e falar sobre fala, é escrever ou falar sobre fala, é escrever ou falar sobre linguagens; é, portanto, metalinguístico.

Sem linguagem, isto é, sem expressão, o amor ou a paixão seriam mudos: não existiriam.
Entre silêncios e vozes, uma linguagem é a expressão de um pensamento, a expressão da elaboração de um sentimento. Algo, a um tempo, concreto e potencial. E se, no Homem, o que é natural é a cultura (ou a cultura da sua natureza), também uma linguagem é tanto mais natural quanto mais cultural.

Assim, escrever ou falar sobre o amor ou a paixão é uma forma de cultivar essas linguagens e esses sentimentos e de os potenciar e projectar na perspectiva utópica que qualquer linguagem propõe.

Afinal, o amor e a paixão são escrita, literatura e mito.

Escrever é aumentar o objecto da escrita e, ao definir o seu fundamento e os seus contornos, indefinir a sua definição. Escrever é sempre jogar, um Outro, que cada um, ao ler, reconstruindo, inaugurará, intimamente.
O que aqui se inclui, ou se propõe, neste exercício de linguagem, é o esboço de um paradigma para as relações afectivas, um paradigma que se abre a inúmeras estéticas, entre desejos e literaturas. O que se escreve aqui é, como em qualquer texto, a inauguração de um silêncio. De um silêncio que seja matriz de aberturas individuais a uma ideia ou a um estado de espírito, e a novas ideias e novos estados de espírito.

continua aqui:
http://elaboracaodosacasos.blogspot.com/



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